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Toda Princesa é uma Mulher...!!
Toda Princesa é uma Mulher...!!

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Segundo uma antiga máxima, o mundo é um espelho que reflete tudo aquilo que a ele é emitido. Todavia, existe um porém; nosso prosaico diáfano sofreu uma grande transformação após os trágicos e surreais adventos de Narciso e Branca de Neve respectivamente.

Nessa transformação sua magia atingiu o grau máximo, processo esse conhecido como globalização. Ela potencializou o misterioso espelho, tornando-o on-line, após abrir seus portais, ligando assim dois mundos, separados somente por um vidro translúcido. A observadora, agora espectadora, pôde por à descoberto e alcançável ao olhar, tudo o que antes era distante e misterioso.

A espectadora on-line é observada pelo diáfano que lhe seduz simetricamente, de maneira inversa, induzindo seus movimentos e indumentárias, ditando suas necessidades e seus desejos. A capacidade de dobradura do ser é invariavelmente perdida, assim como sua condição resiliênte.

Agora ela não é mais aquela que se adapta às circunstâncias, tornou-se uma presa dela. Sendo assim, as situações por mais esdrúxulas e absurdas que sejam ou pareçam ser, como quaisquer atos de violências ou de manipulações contra ela, por exemplo, tornaram-se passíveis de assimilação e aceitação tácitas.

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A espectadora do espelho reduz-se a condição de passividade ativa permanentemente, sendo seus movimentos minuciosamente monitorados e administrados pelo sistema on-line difusores de diáfanos, transformando essa mesma espectadora em mero objeto de experimentações; cobaias para testes para novos produtos cosméticos ou farmacêuticos, com promessas de uma imagem perfeita, adaptando-a a realidade prescrita pela simetria on-line.

Assim, a felicidade do espécime humano escravizado, é reproduzida domesticando-se sua vontade a partir do momento em que suas necessidades passam a ser ditadas pelo espelho seu. Sua história, sua cultura e sua origem ganham novos contornos e versões, retroalimentando a simetria a partir do momento que solidifica a dependência da espectadora à sua bela imagem refletida.

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O desenvolvimento da forma nesse olhar, mostra com certo alívio, que os repugnantes grilhões de outrora, hoje são perfumados, coloridos e com sabores artificiais diversos e sem conter glúten. Além de extremamente atrativos, ainda conta com longa data de validade, vindo com código de barras para afirmar sua originalidade.

Atrelada à imagem concedida on-line pelos diáfanos pós-modernos, a espectadora não se dá conta dessa grade invisível que formata a prisão que a separa do real com o virtual, sendo imersa nos sentimentos de liberdade e avassaladoras paixões, exibidas como processo retro alimentador de ambos: espelho e espectadora, passa então a coexistir ambos, real e virtual, num mesmo espaço.

Agora essa espectadora tornou-se uma pessoa inexistente num mundo que não existe. Seu lar é uma prisão sem grades nem muros, com pompas e circunstâncias; sua imobilização física e psicológica é fato; é uma prisioneira, sem desejo de fuga em seu cativante mundo, visto de dentro de seu tumbeiro. Só mil vontades poderia remover a letargia, para romper os labirintos de verdades e promessas, fazendo assim perceber que toda princesa é uma mulher. Afinal, o mundo é o que nele se reflete.

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Espelho no cofre

De volta de uma longa peregrinação, um homem carregava sua compra mais preciosa adquirida na cidade grande: um espelho, objeto até então desconhecido para ele. Julgando conhecer ali o rosto do pai, encantado ele levou o espelho para sua casa.

Guardou no cofre no segundo andar, sem dizer nada a sua mulher. E assim, de vez em quando, quando se sentia triste e solitário, abria o cofre para ficar contemplando “o rosto do pai”.

Sua mulher observou que ele tinha um aspecto diferente, um ar engraçado, toda vez que descia do quarto de cima. Começou a espreitá-lo e descobriu que o marido abria o cofre e ficava longo tempo olhando para dentro dele.

Depois que o marido saiu, um dia ela abriu o cofre. E nele, espantada, viu o rosto de uma mulher. Inflamada de ciúme, investiu contra o marido e deu-se então uma grave briga de família.

O marido sustentava até o fim que era o pai que estava escondido no cofre.

Por sorte, passava em frente a casa deles uma freira. Querendo esclarecer de vez a discussão, ela pediu que lhe mostrassem o cofre.

Depois de alguns minutos no primeiro andar, a freira comentou ainda lá em cima:

- Ora, vocês estão brigando em vão; no cofre não tem homem nem mulher, mas tão somente uma freira como eu...!!!

 

 

 

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"Às vezes o espelho aumenta o valor das coisas, às vezes anula. Nem tudo o que parece valer acima do espelho resiste a si próprio refletido no espelho. As duas cidades gêmeas não são iguais, porque nada do que acontece em Valdrada é simétrico: para cada face ou gesto, há uma face ou gesto correspondido invertido ponto por ponto no espelho. As duas Valdradas vivem uma para a outra, olhando-se nos olhos continuamente, mas sem se amar." (Italo Calvino)

"... E a mulher criou o espelho à sua imagem e semelhança.”... E assim, o mundo transformou-se no espelho de muitas Alices e Brancas-de neve que, como Narciso, perdem-se na busca de sua própria imagem.

Afogam-se na tela da TV, onde ela nunca se vê; nas capas das revistas que aparece na crista; numa total imersão no mundo virtual, ignorando todo o mal.

Amanda Reis entrou nesse espelho, se escondendo do passado, de suas raízes, de sua história que a perseguia sem trégua, apesar da cor de sua pele.

Ela segue em sua busca pelos labirintos de espelhos, estrategicamente colocados pela mídia, a fim de encontrar sua face perdida; Descobri-la é descobrir-se.

Portanto, tornou-se inevitável quebrar esse espelho, transgredindo o labirinto, para fazer sua própria sorte.

Assim, ela busca embevecida e as vezes freneticamente, mergulhar nas águas de Narciso, para sair do próprio espelho, quebrando todos os quebrantos

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Os generosos mercadores portugueses deram duas belíssimas opções aos autóctones, logo que desembarcaram em Terras brasilianas: Trocar seus vastos territórios por lindos e brilhantes espelhos ou por suas próprias vidas. Desde então as crioulas e crioulas tupiniquins sobreviventes vem se mirando no reflexo desses espelhos-presentes de grego português.

 

Assim, suas vidas não se perderam; apenas foram imersas no reflexo de sua própria imagem, formatada na trágica generosidade dos mercadores d’aquém-mar. Agora vivem e se alimentam da projeção de liberdade proporcionada por essa imagem. Liberdade esta, que se tornaram fantasmas de ébanos, em centenas de vultos negros, Zumbis e N´zingas.

 

Seus cabelos refletidos, ora negros, ora loiros, encaracolados e lisos, crespos e sedosos e de cores mergulhadas em profundas diversidades, se misturam na face do expectador, confundindo seu próprio reflexo e embaçando seus olhos que miram o vento Sul, vindo com os Tumbeiros dos Portos da Ilha de Goré detrás do espelho d'agua, acolhendo-o após cada mergulho em si. Assim, a alma negra revive saindo das profundezas desse espelho, após cair em si todas as vezes que alguém toca um tambor dentro de seu coração, anunciando a  existência de sua própria vida.

 

 

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No Brasil, nossa maior festa é uma festa negra: o CARNAVAL. A santa padroeira do Brasil é Negra: N. S. Aparecida. O Brasil é o segundo país com maior número de população negra no Mundo, ficando atrás somente da Nigéria; com o agravande de que a Nigéria é um dos países africanos que mais consomem cosméticos para embranquecer a pele. 

 

Os reflexos desse embranquecimento se mostra na saúde das nigerianas, que desenvolvem tumores e diversas complicações debilitantes. No Brazil, esses reflexos se mostram na formatação da personalidade do cidadão negro, que desvaloriza sua história, sua cultura e seus ancestrais, valorizando a cultura considerada como única e legitima. A cultura da branquitude.

 

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Apesar de sua história, de sua cultura e de suas raízes, o espelho da mídia preconiza as atitudes, gestos, discursos e o modus vivendi do cidadão de cor, para que ele possa orbitar nessa sociedade, mesmo sem ser assimilado como ser social.

 

Sem a comunidade o indivíduo fica sem um espaço para contribuir, sendo ela, a comunidade, o local onde o as pessoas compartilham seus dons e recebem as dádivas dos outros; é onde as pessoas cuidam uma das outras e realizam um objetivo específico ajudando os outros a realizarem seus propósitos.

 

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